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O QUE O TEMPO DIZ PARA MEUS OLHOS


Hugo Leal
o tempo, navegando por meus olhos
desbotou a nuvem cinza que eles viam
quando ainda grumete de meu barco
aprendia sobre o leme do destino.
felizmente, os meus sonhos de menino
irrigados pela chuva dos meus prantos
não morreram nem viraram desencanto
e a mágoa – muita mágoa, choveu tanto! -
não fez germinar ervas daninhas.
se doeu? ah, doeu de não ter jeito...
mas meu peito aprendeu a ler direito
as mensagens que traziam as entrelinhas
na surpresa espantosa dos milagres
que surgiram a cada instante no caminho.
hoje, mesmo o prata dos cabelos
não me traz mais o medo da velhice.
nem o corpo, utilizado pelos anos
realizando travessuras bem mais lento
me impede de estar no meu momento
como o vento na carona de uma brisa.
o fracasso, este sucesso disfarçado
que me recria em outras tentativas
há muito não me soa resultado
e sim indicador de alternativas.
não estou cansado, somente ritmado
num bolero calmo e apaixonado
para gozar cada minuto integralmente.
sei que Deus, a quem julgava preocupado
em ver o cosmos girar maquinalmente
como um grande relógio meio atrasado
correndo atrás de um tempo elaborado
para ser e acontecer pontualmente,
na verdade está mais interessado
em ter na criatura não um criado
mas sim um co-autor, impulsionado
para crescer, sempre e eternamente
rompendo seus limites, planejados
para que possa, os quebrando continuamente
compreender que sua meta é ultrapassá-los
e descobrir o inconcebível que há em frente.
sei também que este Deus, inexplicável
na força de seu amor inexprimível
foi tão longe que tornou quase impossível
para o homem não tocar o inatingível
mesmo quando sequer creia em sua existência.
porque a essência, seja ela Deus ou acaso
leva o espírito, seja este alma ou mente
a apenas sendo bom se sentir vivo integralmente
a somente perdoando perdoar-se plenamente
e a só por ter a aurora aceitar haver o ocaso.
por isso eu, mesmo crendo plenamente
e o que não crê, ou quem crê diferencialmente
em outra forma de comando onisciente
- talvez exista uma para cada um da gente -,
somos todos condenados ao infinito,
ao mistério, ao fascínio, ao encantado,
à maravilha do silêncio após o grito
que ao dizer ”seja” nos fez, e ao dizer “dure” deu vez
a cada ser, a cada ver, a cada atrito
que nos polindo põe em nós um brilho aflito
querendo brilhar mais, voar no próprio mito,
purgando seus delitos, e livre de detritos
mostrar que o homem pode, isento de conflitos
ser tão bonito como um raio de esperança
que quando estivermos prontos vai chegar
e nascendo da consciência que já avança
implantar a necessidade da mudança
saudando o mundo com seus olhos de criança
e se espalhando como um canto pelo ar...

4 comentários:

  1. Ele (o tempo) diz assim também pra mim. Quer dizer...eu ouço assim...
    Amei o texto! Voltou das férias????Aproveitou? Espero que sim.

    Beijosss

    ResponderExcluir
  2. O que os meus olhos veem, guardo em meu coração, tempo de amor, de alegrias e esperança...
    Um super abraço com muita paz!

    ResponderExcluir
  3. OLá minha amiga que lindo esse texto maravilhoso mesmo. Tenho em minhas lembranças momentos vários inesquecíveis mesmo. Um abraço quando voltas fevereiro? que coisa hein!

    ResponderExcluir
  4. Valeu Lau Dora e Antonio.Obridada.Beijos...

    ResponderExcluir

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