06/10/2011
O blog da
Companhia das Letras publicou na tarde desta quinta (6) um texto de Walter
Isaacson, biógrafo de Steve Jobs, sobre o fundador da Apple. O livro “Steve
Jobs, a Biografia” será lançado mundialmente no próximo dia 24, inclusive no
Brasil, publicado pela Companhia, com tradução de Pedro Maia Soares. A obra já
está em pré-venda também no Brasil, por R$ 49,90. Abaixo, a íntegra do artigo
de Isaacson, que sairá na edição especial da revista americana “Time”.
POR WALTER ISAACSON
A saga de Steve Jobs é o mito de
criação da revolução digital em grande escala: o início de um negócio na
garagem de seus pais e sua transformação na empresa mais valiosa do mundo.
Embora não tenha inventado muitas coisas de cabo a rabo, Jobs era um mestre em
combinar ideias, arte e tecnologia de uma maneira que por várias vezes inventou
o futuro. Ele projetou o Mac depois de apreciar o poder das interfaces gráficas
de uma forma que a Xerox não foi capaz de fazer, e criou o iPod depois de
compreender a alegria de ter mil músicas em seu bolso de uma forma que a Sony,
que tinha todos os ativos e a herança, jamais conseguiu fazer. Alguns líderes
promovem inovações porque têm uma boa visão de conjunto. Outros o fazem
dominando os detalhes. Jobs fez ambas as coisas, incansavelmente.
Em consequência, revolucionou seis
indústrias: computadores pessoais, filmes de animação, música, telefones,
tablets e publicação digital. Pode-se até adicionar uma sétima: lojas de
varejo, que Jobs não chegou a revolucionar, mas repensou. Ao longo do caminho,
ele não só produziu produtos transformadores, mas também, em sua segunda
tentativa, uma empresa duradoura, dotada de seu DNA, que está cheia de
designers criativos e engenheiros ousados que podem levar adiante sua visão.
Jobs tornou-se assim o maior
executivo de nossa época, aquele que com maior certeza será lembrado daqui a um
século. A história vai colocá-lo no panteão, bem ao lado de Edison e Ford. Mais
do que ninguém de seu tempo, ele fez produtos que eram completamente
inovadores, combinando o poder da poesia com processadores. Com uma ferocidade
que poderia tornar o trabalho com ele tão perturbador quanto inspirador, também
construiu o que se tornou, ao menos por um período do mês passado, a empresa
mais valiosa do mundo. E foi capaz de infundir nela a sensibilidade para o
design, o perfeccionismo e a imaginação que fizeram da Apple, com toda
probabilidade, mesmo em décadas futuras, a empresa que melhor prospera na
intersecção entre arte e tecnologia.
No início do verão de 2004, recebi
um telefonema de Jobs. Ele havia sido intermitentemente amigável comigo ao
longo dos anos, com rajadas ocasionais de intensidade, em especial quando
lançava um novo produto que queria na capa da Time ou em programa da CNN,
lugares em que eu trabalhava. Mas agora que eu não estava mais em nenhum desses
lugares, não tinha notícias frequentes dele. Conversamos um pouco sobre o
Instituto Aspen, para o qual eu havia recentemente entrado, e o convidei para
falar no nosso campus de verão no Colorado. Ele disse que ficaria feliz de ir,
mas não para estar no palco. Na verdade, queria dar uma caminhada comigo para
que pudéssemos conversar.
Isso me pareceu um pouco estranho.
Eu ainda não sabia que dar uma longa caminhada era a sua forma preferida de ter
uma conversa séria. No fim das contas, ele queria que eu escrevesse sua
biografia. Eu havia publicado recentemente uma de Benjamin Franklin e estava
escrevendo outra sobre Albert Einstein, e minha reação inicial foi perguntar,
meio de brincadeira, se ele se considerava o sucessor natural naquela
sequência. Supondo que ele estava no meio de uma carreira oscilante, que ainda
tinha muitos altos e baixos pela frente, eu hesitei. Não agora, eu disse.
Talvez em uma década ou duas, quando você se aposentar.
Mas depois me dei conta de que ele
havia me chamado logo antes de ser operado de câncer pela primeira vez.
Enquanto eu o observava lutar contra a doença, com uma intensidade incrível,
combinada com um espantoso romantismo emocional, passei a achá-lo profundamente
atraente, e percebi quão profundamente sua personalidade estava entranhada nos
produtos que ele criava. Suas paixões, o perfeccionismo, os demônios, os
desejos, o talento artístico, o talento diabólico e a obsessão pelo controle
estavam integralmente ligados a sua abordagem do negócio, e decidi então tentar
escrever sua história como estudo de caso de criatividade.
A teoria do campo unificado que une
a personalidade de Jobs e os produtos começa com sua característica mais
saliente, a intensidade. Ela era evidente já nos tempos de escola secundária.
Naquela época, ele já começara com as experiências que faria ao longo de toda a
sua vida com dietas compulsivas – em geral, somente de frutas e legumes – de
tal modo que era tão magro e firme quanto um whippet. Ele aprendeu a olhar fixo
para as pessoas e aperfeiçoou longos silêncios pontuados por rajadas em
staccato de fala rápida.
Essa intensidade estimulou uma
visão binária do mundo. Os colegas se referiam à dicotomia herói/cabeça de
bagre; você era um ou o outro, às vezes no mesmo dia. O mesmo valia para
produtos, ideias, até para a comida: As coisas ou eram “a melhor coisa do
mundo” ou uma droga. Era capaz de provar dois abacates, indistinguíveis para os
mortais comuns, e declarar que um deles era o melhor já colhido e o outro,
intragável.
Julgava-se um artista, o que
incutiu nele a paixão por design. No início da década de 1980, quando estava
construindo o primeiro Macintosh, não parava de exigir que o projeto fosse mais
“amigável”, um conceito estranho aos engenheiros de hardware da época. Sua
solução foi fazer o Mac evocar um rosto humano, e chegou a manter a faixa acima
da tela fina para que não fosse uma cara de Neanderthal.
Jobs compreendia intuitivamente os
sinais que um projeto adequado emite. Quando ele e seu companheiro de projeto
Jony Ive construíram o primeiro iMac, em 1998, Ive decidiu que o aparelho
deveria ter uma alça situada na parte superior. Era uma coisa mais brincalhona
e semiótica do que funcional. Tratava-se de um computador de mesa. Não muitas
pessoas iriam carregá-lo para cima e para baixo. Mas a alça emitia um sinal de
que você não precisava ter medo da máquina, que podia tocá-la e ela lhe
obedeceria. Os engenheiros objetaram que aquilo aumentaria o custo, mas Jobs
ordenou que fizessem daquele jeito.
Sua busca pela perfeição levou à
compulsão de que a Apple tivesse um controle de ponta a ponta de todos os seus
produtos. A maioria dos hackers e aficionados gostava de personalizar,
modificar e conectar coisas diferentes em seus computadores. Para Jobs,
tratava-se de uma ameaça para uma experiência de usuário inconsútil de ponta a
ponta. Seu parceiro inicial Steve Wozniak, um hacker nato, discordava. Ele
queria incluir oito slots no Apple II para que os usuários pudessem inserir as
placas de circuito menores e os periféricos que quisessem. Jobs concordou com
relutância. Mas, alguns anos mais tarde, quando construiu o Macintosh, ele o
fez à sua maneira. Não havia slots extras ou portas, e chegou mesmo a usar
parafusos especiais para que os aficionados não pudessem abri-lo e modificá-lo.
Seu instinto de controle
significava que ele tinha urticária, ou algo pior, ao contemplar o excelente
software da Apple rodando em hardwares ruins de outras empresas, e também era
alérgico à ideia de aplicativos ou conteúdos não aprovados poluindo a perfeição
de um dispositivo da Apple. Essa capacidade de integrar hardware, software e
conteúdo em um sistema unificado lhe possibilitava impor a simplicidade. O
astrônomo Johannes Kepler, declarou que “a natureza ama a simplicidade e a
unidade”. O mesmo acontecia com Steve Jobs.
Isso o levou a decretar que o
sistema operacional do Macintosh não estaria disponível para o hardware de
qualquer outra empresa. A Microsoft seguiu a estratégia oposta, permitindo que
seu sistema operacional Windows fosse promiscuamente licenciado. Isso não
produziu os computadores mais elegantes, mas levou a Microsoft a dominar o
mundo dos sistemas operacionais. Depois que a fatia de mercado da Apple caiu
para menos de 5%, a estratégia da Microsoft foi declarada vencedora no reino do
computador pessoal.
A longo prazo, no entanto, o modelo
de Jobs mostrou ter algumas vantagens. Sua insistência na integração de ponta a
ponta deu à Apple, no início do século XXI, uma vantagem no desenvolvimento de
uma estratégia de hub digital, o que permitiu que seu computador de mesa se
ligasse perfeitamente a uma variedade de dispositivos portáteis e gerenciasse
seu conteúdo digital. O iPod, por exemplo, fazia parte de um sistema fechado e
totalmente integrado. Para usá-lo, era preciso utilizar o software iTunes da
Apple e baixar conteúdos da iTunes Store. Em consequência, o iPod, tal como o
iPhone e o iPad que vieram depois, eram um deleite elegante, em contraste com
os canhestros produtos rivais que não ofereciam uma experiência perfeita de
ponta a ponta.
Para Jobs, a crença em uma
abordagem integrada era uma questão de retidão. “Não fazemos essas coisas
porque somos malucos por controle”, explicou. “Nós as fazemos porque queremos
fazer grandes produtos, porque nos preocupamos com o usuário e porque gostamos
de assumir a responsabilidade por toda a experiência, ao invés fabricar a
porcaria que outros fazem.” Ele também acreditava que estava prestando um
serviço às pessoas. “Elas estão ocupadas fazendo o que sabem fazer melhor e
querem que façamos o que fazemos melhor. Suas vidas estão ocupadíssimas; elas
têm mais coisas a fazer do que pensar em como integrar seus computadores e
dispositivos.”.
Em um mundo cheio de dispositivos
inúteis, software pesados, mensagens de erro inescrutáveis e interfaces
irritantes, a insistência de Jobs em uma abordagem integrada levou à criação de
produtos surpreendentes, caracterizados por uma experiência de usuário
deliciosa. Usar um produto da Apple podia ser tão sublime quanto caminhar em um
dos jardins zen de Quioto que Jobs amava, e nenhuma dessas experiências foi
criada pela adoração no altar da abertura ou deixando mil flores florescem. Às
vezes é bom estar nas mãos de um maníaco por controle.
Há algumas semanas, visitei Jobs
pela última vez em sua casa de Palo Alto. Ele se mudara para um quarto no andar
de baixo, porque estava fraco demais para subir e descer escadas, e estava
encolhido com um pouco de dor, mas sua mente ainda estava afiada e seu humor
vibrante. Conversamos sobre sua infância, e ele me deu algumas fotos de seu pai
e da família para usar em minha biografia. Como escritor, estou acostumado a
manter distanciamento, mas fui atingido por uma onda de tristeza quando tentei
dizer adeus. A fim de disfarçar minha emoção, fiz a pergunta que ainda me
deixava perplexo. Por que ele se mostrara tão disposto, durante quase cinquenta
entrevistas e conversas ao longo de dois anos, a se abrir tanto para um livro,
quando costumava ser geralmente tão discreto? “Eu queria que meus filhos me
conhecessem”, disse ele. “Eu nem sempre estava presente, e queria que eles
soubessem o porquê disso e entendessem o que fiz.”
Fonte: Folha.com
http://escadaedesenvolvimento.wordpress.com/2011/10/06/jobs-revolucionou-seis-industrias-escreve-biografo/
SOU FÃ DO STEVE JOBS,ELE É O CARA!TÔ COMEMORANDO ANIVERSÁRIO DO MEU CANTINHO E FAZENDO UM SORTEIO PARA AS AMIGAS E VIM TE CONVIDAR PRA PARTICIPAR..
ResponderExcluirMIL BJOS,
RÔ(artesaroeva.blogspot.com)
Os bons não deveriam morrer tão jovens!!
ResponderExcluirHoje fiz a resenha do meu sapato J.Gean.
Quer dar uma olhadinha?Hoje ainda vou postar o sorteio!
Bjo
http://eutenhopressaemuitacoisameinteressa.blogspot.com/2011/10/resenha.html
Concordo Alessandra!!!Bjss
ResponderExcluirÉ um sentimento de vazio, quando alguém tão importante para o mundo parte. Infelizmente a vida é assim não tem ordem a ser seguida. Muito obrigado JOBS PELA SUA CONTRIBUIÇÃO ao Mundo. Parabéns pela matéria.
ResponderExcluirBonita sua homenagem ao Steve Jobs! Beijos!
ResponderExcluirObrigada Yolanda!!!Bjss
ResponderExcluirValeu Carla.Obrigada!!
ResponderExcluirLindo esse post querida,essa pessoa serà lembrada para sempre.
ResponderExcluirVim agradecer pela visita e estou seguindo ok.!!
Me segue tmb?? Bj
-
http://a-corujinha.blogspot.com/
Oi Zilda, indiquei você para participar de uma brincadeira divertida entre blogueiras, se não puder não tem problema, de qualquer forma passa lá no meu blog pra dar uma espiada, abraço!
ResponderExcluirclaudiadomonte.blogspot.com
Olá Zilda.
ResponderExcluirQue bom ler este texto aqui. É uma pena perder Steve Jobs, vai fazer falta no nosso meio,um grande visionário com uma mente iluminada. Concerteza cumpriu sua missão aqui, agora está com Deus. Bjs.
Valau Cláudia!!!Vou lá!Bjss
ResponderExcluirObrigada Ieda!!Bjss
ResponderExcluirObrigada pela visita via Blogueiras Unidas! Já estou te seguindo, seja sempre bem vinda em nossos blogs:
ResponderExcluirBlog Solidário
http://oamorcontagiaalegria.blogspot.com
Blog do Brechó Online
http://bonequinhadeluxobrecho.blogspot.com
Blog Desejo e Sedução Intimo e Discreto
http://desejoeseducaointimoediscreto.blogspot.com
Oi,Amiga.
ResponderExcluirTem selinho para vc no meu blog.
Bjs
Oi Zilda, desculpa não comentar antes, meu Blogger tava ruim :(
ResponderExcluirJobs foi um cara muito revolucionário... Quero comrpar essa biografia dele..
Obrigada Cigarra!!Bjsss
ResponderExcluirValeu Helana!!Bjss
ResponderExcluirOi amiga, nem sei como falar, espero que nao se chatei comigo, mas vamos la, e melhor eu falar a verdade do que mentir,nao tenho preconceito com religioes , mas como sou evangelica achei que nao seria legal eu divulgar um blog espirita, queria muito fazer parceria com vc, pois vi que vc é uma pessoa muito simpatica e prestativa, espero que nao se chatei comigo e continue minha amiga, por favor me perdoa, beijinhos!
ResponderExcluirhttp://aprendizdecabeleireira.blogspot.com/
Oi querida,hoje vim retribuir a sua visita ao meu blog, obrigada e o seu blog tbm é um amor, e o meu Nº no Blogueiras Unidas é o 788. Sucesso pra vc.
ResponderExcluirObrigada Tatiane!!Bjs na alma.
ResponderExcluirNão se preocupe Lucina!!Tudo na paz!!!Bjsss
ResponderExcluirAdorei seu blog. Estou seguindo também.
ResponderExcluirObrigada pela visitinha. Seja bem vinda!
http://sempreglamm.blogspot.com/
Bjinhos
Obrigada Cibele.Bjsss
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