As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
- como são belas as tuas mãos
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram da nobre
cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,essa beleza que se
chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua
cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste
alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra
o vento?
Ah! Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos!
E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas...
essa chama de vida - que transcende a própria vida
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.
Mario Quintana
In: Esconderijos do Tempo
Mario Quintana - Poesia Completa
Editora Nova Aguillar, p. 491
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Uma bela homenagem ao pai. Quintana nos brindou sempre com belas poesias. Essa nos traz lembranças do melhor amigo. E você minha amiga uma filha sabidamente amiga do seu pai vendo essa foto fica ainda mais saudosa.
ResponderExcluirObrigada pela presença constante meu querido gaúcho.Bjs.
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