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ABORTO:QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

31/08/2009 - CORREIO BRAZILIENSE – DF

LENISE GARCIA
 

É recorrente o argumento de que é preciso encontrar solução para o aborto, porque se trata de uma questão de saúde pública. Colocado dessa forma, concordo plenamente.

Não penso, entretanto, que a solução possa estar na chamada descriminalizaçã o, pois isso só faria agravar o problema, como vem ocorrendo em outros países.

Diz o Ministério da Saúde que acontecem no Brasil entre 1 e 1,5 milhão de abortos por ano. Escapa-me como pode ser feita essa estatística, tratando-se de prática clandestina, mas tomemos a afirmativa como verdadeira. Uma prática que ceifa 1,5 milhão de vidas por ano é, certamente, grande problema de saúde pública. Nenhuma doença tem números tão altos. No Brasil e no mundo, o aborto é hoje a maior causa mortis. Não entra nas estatísticas, já que a criança não nascida não é registrada, não tem nome nem atestado de óbito, mas a falta de registro não muda o fato de que ela viveu - por maior ou menor tempo - e morreu, deixando uma história gravada na memória de seus pais e de outras pessoas. Essas existências truncadas trazem grande ônus social, ao qual pouca atenção se presta.

O aborto também traz grandes males, físicos e psíquicos, para a mulher que aborta. Permitam-me uma comparação um pouco chocante, mas ilustrativa. Dados os males provocados pelo fumo, em alguns lugares proíbe-se fumar. Há quem concorde e quem discorde, quem obedeça ou desobedeça. O pulmão do fumante, entretanto, não distingue entre o cigarro legal e o ilegal.

No caso do aborto, a legalização evitaria algumas complicações decorrentes das condições da prática clandestina.

Entretanto, os principais efeitos nocivos do aborto continuariam a ocorrer, como se pode demonstrar com os dados obtidos em países nos quais a prática não é considerada crime na legislação vigente.

Nesse caso não se trata de suposições e extrapolações, mas de estudos científicos publicados em revistas médicas.

Nos Estados Unidos, mulheres que se submeteram ao aborto provocado apresentam, em relação às que nunca fizeram um aborto: 250% mais necessidade de hospitalização psiquiátrica; 138% a mais de quadros depressivos; 60% a mais quadros de estresse pós-trauma; sete vezes mais tendências suicidas; 30 a 50% mais quadros de disfunção sexual.

Além disso, entre as mulheres que fizeram um aborto, 25% exigem acompanhamento psiquiátrico em longo prazo.

Em dezembro do ano passado o British Journal of Psichiatry publicou pesquisas realizadas na Nova Zelândia, que mostraram existir 30% mais problemas mentais em mulheres que fizeram aborto induzido.

O coordenador do trabalho, Dr. David Fergusson, admite que era favorável ao aborto por livre escolha, mas que estava repensando a sua posição em função dos resultados obtidos.

Outro dado preocupante é que a legalização acaba por aumentar significativamente o número de abortos. A Espanha traz-nos um exemplo expressivo.

Em 2008, o editorial do jornal El País comentou que há na Espanha "demasiados abortos". Entre 1997 e 2007, o número de abortos mais que dobrou. Entre 2006 e 2007, houve incremento de 10%. Além disso, uma em cada três mulheres que abortaram em 2007 já haviam abortado anteriormente, uma ou mais vezes. Isso demonstra a banalização da prática. El País comenta que o aborto é "percebido por muitos jovens como um método anticoncepcional de emergência, quando é uma intervenção agressiva que pode deixar sequelas físicas e psicológicas".

Sobre as sequelas psicológicas, já comentei acima. Sobre as físicas, há estudos que mostram maior risco de doenças circulatórias, doenças cérebrovasculares, complicações hepáticas e câncer de mama. A gravidez posterior também fica comprometida, com maior incidência de placenta prévia, parto prematuro, aborto espontâneo e esterilidade permanente.

A solução não está em facilitar o aborto, legalizando- o, mas, pelo contrário, em inibi-lo. Manter a legislação vigente, acabar com a impunidade das clínicas e da venda clandestina de abortivos e, principalmente, fazer um trabalho educativo de valorização da vida. É nesse contexto que se situa o projeto cultura, cidadania e vida, que aconteceu em Brasília de 27 a 30 deste mês, encerrando-se com a 3ª Marcha da Cidadania pela Vida. Uma marcha alegre, que se encerrou com show de Elba Ramalho, mostrando que a vida "é bonita, é bonita e é bonita

LENISE GARCIA: DOUTORA EM MICROBILOGIA, PROFESSORA DO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR DA UNB, PRESIDENTE DO MOVIMENTO NACIONAL DA CIDADE PELA VIDA.

11 comentários:

  1. " ...Diz o Ministério da Saúde que acontecem no Brasil entre 1 e 1,5 milhão de abortos por ano. Escapa-me como pode ser feita essa estatística, tratando-se de prática clandestina, mas tomemos a afirmativa como verdadeira. Uma prática que ceifa 1,5 milhão de vidas por ano é, certamente, grande problema de saúde pública. (...)"

    Na minha opinião, Zilda, um número absurdamente alto não é somente um problema de saúde, é antes um problema de educação em todos os sentidos, principalmente no moral/religioso.

    Isso é auge do desmantelamento familiar que, a Martha Suplicy e os seus tanto desejam. A abolição total da família com retirada dos nomes dos pais dos certidões de nascimento.

    Ou seja, quando a criatura conseguir o prêmio de não ser abortado, ainda assim, legalmente, ela nascerá bastarda.

    E isso é questão de tempo para ser instalado. O tempo exato da instalação absoluta da ditadura comunista no país. Não estamos longe.

    É só olhar nossas perspectivas para as eleições: qualquer escolha, inclusive a de não escolher, é suicídio!

    Mas, continuemos a resistir, mesmo sendo somente gotas nesse oceâno de inversões de valores...

    Gratidão pelo convite, estou contigo.


    Que nosso Pai Maior nos dê bom ânimo esobretudo, fé.
    Beijão.


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  2. Sou a favor da vida! Há tantos modos de prevenir... Não precisam esperar que não vai acontecer... Deem prevenir, estar conscientes dos seus atos. Aí não precisarão recorrer ao aborto.

    beijos,chica

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  3. Lucas Durand.
    Muito oportuno o texto sobre o aborto como também o comentário acima é muito acertado.
    São poucos que se preocupam de verdade em fazer algo ao próximo, e a maioria quando o faz, faz com segundas intenções: angariar adeptos para sua causa, políticos e algumas religioes, e as religiões por não pagarem impostos doam os restos aos pobres, depois de pagaram a diretoria e construir catedrais ou governos construindo palácios para a chefia. Li esses dias que não é um ato de bondade das religiões ajudar pessoas, (como também de governos, claro) é LEI, é obrigado religiões montarem algo para ajudar os outros por não pagarem impostos. Não estão fazendo gracinha para ninguém, o dinheiro é doado, é gratis, e deveria ser bem aplicado em boas creches e hospitais infantis e até mesmo para adultos. Há algum tempo vi uma pediatra minha conhecida dizer iria mudar de profissão, mexer com pediatria não dava mais, haviam fechado aqui em BH uns 4 ou 5 hospitais infantis e que internações, cirurgias não dá dinheiro para hospitais, o que dá dinheiro é exames, por isso, fecharam.
    Vi que Hilary Cliton, dos EUA pregar que a mulher deve ser dona do seu corpo,( quer dizer, somente ela pode faz o que deseja na hora que deseja). Então ficamos de mãos atadas! A mulher pode fazer o que deseja, engravidar ou abortar quando desejar. Não se vê autoridades preocupadas com nossas crianças e até antes mesmo de nascer. Sempre que uma questão é levantada vem números estatísticos dos governantes: pela OMS (Organização Internacional de Saúde) mortes de crianças, adultos, etc... está dentro da tabela da OMS, X mortes por 1.000 nascimentos etc...Não deveria haver nenhuma morte!Nenhuma! Acho uma aberração, uma abominação a vida ser tão barata assim para quem pode e deve fazer alguma coisa. Se não cuidarmos de nossas crianças, de nossos fetos, como será o futuro da humanidade, de um país, além de ser um grande problema de saúde pública como exposto no belo texto acima.
    É de se indignar com o MODERNISMO de certas autoridades e pessoas SOBRE UM ASSUNTO TÃO SÉRIO, brincam com avida como se ela fosse algo assim banal!
    PARABÉNS PELO TEXTO.
    GRANDE ABRAÇO

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  4. Zilda, mais uma vez você acerta em cheio aqui no seu blog quando põe em cheque, mais uma vez, a discussão sobre o aborto. Em minha opinião, o tema já é uma questão de saúde pública.

    beijos!

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  5. Quando chegamos a teu blog e deslocamos o mouse aparece um coração e a palavra amor. Pois eu e tu o sabes bem homem sem cultura nenhuma pois nem escrever sei digo> FALTA AMOR, MUITO E EDUCAÇÃO.

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  6. Oi, passei aqui para conhecer o seu blog e adorei tudo!!

    Já estou seguindo para ficar por dentro de todas as novidades.. Também te convido para conhecer o meu cantinho e se gostar me siga! Vou adorar te ver por lá:

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