Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
amar sempre amar
ResponderExcluirinfinita busca nossa
as vezes durante toda vida
de repente na cura de feridas
amar sempre amar
em frases as vezes repetidas.
Nossa, amo as poesias de Drumond, são lindas e de qualidade
ResponderExcluirUm abraço amiga!
Valeu poeta.Obrigada!
ResponderExcluirVerdade Dora!Bjs e obrigada pela presença.
ResponderExcluirBela postagem, querida amiga Zilda!
ResponderExcluirEste é um dos poemas do velho Drummond que mais me deixa sensibilizado.
Um grande beijo!