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OS OMBROA SUPORTAM O MUNDO - DRUMMOND

Os Ombros Suportam O Mundo

Drummond

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Do livro O Sentimento do Mundo- (Record)

4 comentários:

  1. E o poeta sabia mesmo esses tempos ai estão. Bem a nossa frente a mostrar o que Drummond já profetizava nesse desabafo.

    ResponderExcluir
  2. Mariano Pereira de Sousa
    para mim
    18:39 (18 horas atrás)
    Belíssimo texto Zilda!
    Merece ser lido v árias vezes!
    Beijão!

    ResponderExcluir
  3. Valeu Mariano.Obrigada pelo comentário.

    ResponderExcluir

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